Senhoras e Senhores, cheguei aos vinte e um!
Será cedo para fazer retrospectiva? Será tarde para fazer projetos? (já deveria estar concretizando?)
Mas quem disse que não estou? Aos 21 já posso dizer que não sou uma qualquer, o anomimato já ficou para trás. E será que saí dele pelo motivo que gostaria?
Certamente não. Dar opiniões e ser ouvida é sem dúvida muito bom. Mas em tempo de bocas caladas e mentes dormentes, será assim tão válido?
Melhor seria que o talento na profissão de sustento fosse o responsável pelo estardalhaço em torno da minha figura!
Será...
Olho o entorno. Quem são os ilustres que me rodeiam nesta fase. Estarão em outras? Quantas mais?
Será que o rumo já está definido, esboçado ao menos? Estarão os alicerces fixados em terra (ou areia movediça)?
As vontades já estão claras, latentes. Não todas é claro, mas suficiente para preencher uma vida!
E o amor onde está? No labirinto interno, mais escondido que Teseu. Como é? Como será que é? Como será que será? Será? Quando?
É... aos vinte e um mais perguntas do que respostas.
Já é hora de começar a responder, a formular os conceitos, a solidificar a liberdade. Solidificar a liberdade? Que besteira, logo ela tão etérea, tão... livre.
É hora sim, de deixar os medos, de mergulhar na vida. Nas verdadeiras emoções da vida.
A razão é altamente prazeirosa mas não permite a felicidade por completo. Abandono-a pois, de vez em quando, a partir de hoje.
A partir de hoje também aceito mais o outro do jeito que é. E como é difícil isso!
Se abandono a onipotencia da razão aceito melhor os outros. Isto é óbvio!
Mas farei mesmo isso só porque estou escrevendo num caderno no dia de meu aniversário de 21? Se não fizer, azar o meu. A felicidade completa não será possível enquanto não conseguir...
Ah! Acabei de dizer que minha felicidade depende de outros seres. Isso é grave. Acabei de assumir uma coisa que há muito já presentia.
Agora me lembro: passei por uma fase em que o outro, ser aceita pelo outro, era a única coisa que interessava. Esta fase foi tão horrível, tão traumatizante que aderi ao seu oposto completo. Só de mim dependia a minha felicidade. Pouca ou nenhuma influência tem o outro.
Agora é chegada a hora de dosar. É a hora em que a maturidade fará sua opção.
Decidi! É preciso, antes de tudo, que eu me aceite, só depois quererei a aceitação do próximo.
Mas eu sou muitíssimo exigente! Isso certamente vai dar trabalho.
Então é preciso começar amanhã de manhã, sem medo, sem preguiça e com paixão, porque disso depende a minha felicidade plena.
Que venha os vinte e um!
sábado, 20 de maio de 1995
Ode aos 21
Postado por Lyara Apostolico às 15:18
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