terça-feira, 25 de maio de 2010

Cavalhadas de Pirenópolis

As cavalhadas de Pirenópolis são a festa mais tradicional da cidade goiana. Estive lá esta semana e por acaso era dia de apresentação. Um negócio divertidíssimo os mascarados coloridos sobre seus cavalos fantasiados! Mas o que me deixou intrigada foi a representação da guerra entre mouros (vermelhos) e cristãos (azuis). Uns 8 pra cada lado desfilam pelo campo espetando com lanças e espadas e atirando com garruchas em cabeças de papel machê. A grande questão é a seguinte: como uma guerra, um embate que foi sanguinário em vários momentos, chega a virar uma festa toda lúdica? Alguém já ouviu falar de festas onde se simula, em condições de igualdade como é nesta festa de Pirenópolis, o embate entre judeus e muçulmanos? Ou entre argentinos e ingleses por causa das malvinas? Ou mesmo entre ingleses e franceses? Eu desconfio que essa transmutação de um evento trágico em lúdico só ocorre quando, apesar da guerra, houve um intenso período de convivência e influências mútuas, que foi o que ocorreu com a permanência, durante 8 séculos, dos mouros na península Ibérica.
Definitivamente só há festa possível depois que as feridas já estão cicatrizadas.

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